quarta-feira, 6 de julho de 2011

O robô reciclador


Olá, sou a Verdeclara, lembram-se de mim? Gostava de vos contar uma nova história.
Houve uma vez um cientista que fez uma criação magnífica: um robô reciclador que tinha alma humana! Este robô montou uma barraca mesmo junto de mim e as pessoas faziam fila para lhe entregar velharias “fora de moda”, que ele colocava dentro do seu peito, bem junto ao seu coração de robô; e quase por magia (ou melhor, por ciência), o objecto transformava-se no mesmo objecto mas novo.
Certo dia, reparei que o robô atendia uma menina.
- Então, menina, qual a razão da tua visita?
- Eu… eu vim pedir… sabe…
- Sim?
- Ah… Eu vim pedir a sua amizade!
O robô ficou paralisado, e só pensava: amizade? Nunca ninguém se preocupou em vir aqui pedir… amizade. A pobre criança percebeu que o robô não era assim tão humano como se pensava pois não sabia o que era “aquilo” da amizade… Então foi-se embora, triste… O robô também ficou triste pois aquela menina era a primeira pessoa a sair dali sem ir satisfeita.
Porém, a menina em vez de ir para sua casa foi à fábrica do cientista, que por acaso era seu avô, e fez-lhe um pedido. Este aceitou logo o desafio e pôs mãos à obra.
Então, estava o robô ainda muito triste porque não conseguia parar de pensar naquela menina e no seu pedido quando chegou o cientista. Tinha acabado de escrever um artigo sobre o que era a amizade e colocou-o na memória do robô.
No dia seguinte, a menina veio bem cedo à barraca e depois de esperar na fila, fez novamente o pedido, com um sorriso na cara:
- Eu gostava de ter a sua amizade.
O robô acenou com a cabeça a dizer que sim, porque agora já sabia o que a menina desejava. E a partir desse dia, quando a barraca estava fechada e o robô não estava a reciclar, brincavam os dois como se fossem os melhores amigos do mundo. E o Robô nunca mais esqueceu que amizade significa dar e receber.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Brinquedos a mais

Sabem, eu sou a Verdeclara, uma árvore com mais de cem anos que vive no centro da cidade de Leiria… Sou tão velha que já assisti a muitas histórias; querem que vos conte uma?
Era uma vez um rapaz que vivia aqui na rua. Já não tinha pai e, por isso, a mãe fazia-lhe todas as vontades; até estranhava porque via-os sempre a passar de um lado para o outro e o miúdo estava sempre a pedir qualquer coisa que via nas montras das lojas.
- Oh mãe, olha para aquele camião. E o robot, que fixe. Olha-me para este novo jogo para a wii.
- Ok, ok, ok, eu compro.
Mas quando chegavam a casa, eu bem via pela janela que ele deixava os brinquedos num canto do seu quarto, sem praticamente lhes tocar; via televisão ou olhava pela janela e depois deitava-se. E era sempre assim, todos os dias: pedia coisas que não serviam para nada, enchia o quarto com tudo o que queria mas não se sentia mais feliz por isso.
Até que um dia a mãe o apanhou escondido no quarto, a chorar. Entre lágrimas, acabou por explicar que estava arrependido de ter pedido todos aqueles brinquedos porque o que ele mais queria não se podia comprar em nenhuma loja. Então, a mãe percebeu finalmente que o seu filho não queria brinquedos mas desejava a sua atenção, queria apenas que a sua mãe brincasse um pouco consigo.
Então, a mãe pegou naqueles brinquedos todos e enviou-os para os meninos pobres de África. E a partir desse dia, passava todos os momentos livres que tinha a brincar com o seu filho: às escondidas, à batalha naval, ao berlinde, à macaca. E riam muito alto.